terça-feira, 29 de junho de 2010

A última capa

Acho que nunca comprei o 24h.
Se alguma vez o folheei foi num café, ao mesmo que tempo actualizava as cusquices, ou em trabalho (na Sábado, talvez). Sem qualquer objectivo. Apenas porque sim, porque tinha piada. Porque me fazia rir.

Sempre tentei imaginar que tipo de pessoas trabalhariam neste jornal. Identificavam-se com ele? Acreditavam naquilo que fazim? Consideravam-se jornalistas? Acreditavam que as notícias que davam tinham INTERESSE PÚBLICO?

Sempre tentei perceber o que leva algumas pessoas a seguir o caminho do sensacionalismo. Não tenho grande moral para falar - em tempos também me meteram as escrever sobre as namoradas do Ronaldo - mas não me mantive nesse trabalho durante muito tempo.

E, apesar de não simpatizar com o dito "jornal", não deixo de sentir algum pesar quando leio esta capa. O 24h sabia o seu lugar e era mestre naquilo que fazia. O que fazia podia não ser "bom", mas o que fazia, fazia-o bem. Tive também a oportunidade de conhecer o director-adjunto e, agora, acompanho o seu blog. Uma pessoa com muito boas ideias e, parece-me, muito coerente e dotado de bom-senso. Era director-adjunto do 24h. E depois? Nunca pude tirar as minhas dúvidas sobre as crenças de quem escrevia neste "jornal" mas gosto de acreditar que todos faziam o seu trabalho da melhor forma possível.

Para eles, os (dizem) cerca de 30 que ficarão no desemprego, aqui fica o meu apreço e a minha força no desejo para que encontrem o seu lugar no mundo. Porque, nesta altura em que todos sabemos que o mercado de trabalho em jornalismo está uma m$%#&, estas notícias são sempre más notícias. Mesmo se fechasse a TeleNovelas. Ou a Maria.

4 comentários:

david disse...

tal como tu, também nunca comprei o 24horas. não por ser o jornal que era, mas porque levei o título ao extremo, e pensei que fosse para ler durante 24horas seguidas.

agora percebo que não era preciso ser assim.

estou solidário com os nossos colegas que agora vão perder uma manhã no iefp para se inscreverem e passarem a receber um subsídio de desemprego miserável.

não estou solidário com 'o jornal'. detestava o 24horas. fico, no entanto, com saudades daquele espectáculo de luz e cor que era o 24horas numa banca de jornais.

escreve o que te escrevo: a maria nunca vai acabar.

Anónimo disse...

Desaparece o 24h mas as notícias "sensionalistas" continuam pois os portugueses gostam de saber essas "informações" e a comunicação social, nas suas mais diversas formas, continua a alimentar isso...
É o que vende!!!!! E assim vamos continuar ocupados com o futebol e os escandâlos dos VIPs....
É Portugal no seu melhor...
Apesar de nunca ter comprado o 24h tenho que reconhecer que esta capa está interessante!!! Parece mesmo que eles faziam bem o seu trabalho!!!
Então como vai desaparecer um jornal destes???

Tatiana Gonçalves disse...

Dá-me mesmo vontade de acabar o curso numa altura em que, mais uma vez, jornalistas são despedidos em massa.

Cat disse...

E sabias que o DN, que é do mesmo grupo, abriu 8 vagas para estágios não remunerados? Ah pois...