sexta-feira, 30 de abril de 2010

D. Natália (oh menina, deixe lá o "dona"...)


Quarta-feira. 01h30 de uma noite fria de Março. Ruas silenciosamente perigosas e vazias de um, dizem, deprimente subúrbio de Lisboa. Não há pessoas. Não há autocarros, nem metro, nem táxis. Só os carros de quem vai para casa porque amanhã é dia de trabalho passam em excesso de velocidade e o cigarro ou o telemóvel não deixam o condutor olhar para os lados. Mas eu olhei. E vi. Não abrandei. Mas continuei a olhar pelo espelho. Algo mexeu.

A um décimo da minha velocidade, a subir a rua cuja inclinação vai aumentando, vinha um vulto curvado. Manta enrolada no corpo e na cabeça. Dois generosos sacos de rafia e uma canadiana nos braços que tremiam. Passo a passo, devagarinho como uma criança que aprende a andar. Em 20 segundos subi a rua, fiz inversão de marcha e voltei para trás. Não sei porquê.

«Boa noite... A senhora vai para onde?», saiu-me de mansinho não fosse a velha recear alguém de má fé.
«Oh menina, vou ali para cima...», respondeu-me sorrindo sem medo.
«E vem aqui sozinha a esta hora? Entre lá que eu dou-lhe uma boleia...»
«Oh menina, obrigada, muito obrigada (dizia-me enquanto entrava a muito custo no meu carro), sabe: é que sofro de artroses e...»

O resto podem imaginar.

«Olhe menina, o meu filho mora ali mais acima mas a mulher dele não quer saber de mim... A minha mais nova tem uma filha deficiente, coitadita... E eu aqui venho, depois de estar com o meu marido lá no hospital ali em S. Marta, ‘tá a ver...? E a menina o que é que faz...? Ah, é jornalista! Aparece na televisão, é...?»

500 metros mais acima deixei a D.Natália - com um sorriso enrugado, artroses e tudo o resto - de 84 anos, à porta de sua casa. Queixou-se de mil coisas. Agradeceu-me dezenas de vezes e abençoou-me outras mil.
A mim e aos meus, claro.

Louboutin.


Enquanto não vem a história, vejam aqui as imagens da nova colecção do génio. Obrigada.

Já a seguir...

Estou a avistar um balão amarelo. Uma história. De alguém.

Há dois anos.

Pois. Eu estava num hostel à noite. Elas estavam a jantar (na II Edição do Jantar das Amigas). Enviei-lhes uma mensagem de telemóvel que as fez chorar (algumas, vá). A Saudade era estranhamente crescente. Delas e de tudo o resto. Mas a vontade de ficar também se fazia ouvir.

Faz precisamente hoje dois anos estava a caminho da Bósnia & Herzegovina de autocarro. Conheci Sarajevo (capital olímpica em 1984, destruída pela guerra entre 1992 e 1995) e Mostar (cuja ponte, destruída em 1993 e reconstruída em 2004, é Património Mundial da Unesco e simboliza a união entre os bósnios e os muçulmanos sérvios). Um realidade já distante mas não o suficiente para ser esquecida. Para voltar. Com tempo. Muito tempo.

(fotos e post da viagem aqui )

Apetece-me.

Porque hoje apetece-me qualquer coisa tipo isto.
Tipo. Não estes.
Estes são uns Jimmy Choo que estavam no Net-a-Porter.
Meramente ilustrativos.
Não são os meus, pois claro.
Mas diz que têm semelhanças.

Apetece-me. Hoje. Com elas. Porque sim.

(Jantar das Amigas, IV Edição, hoje. Todos os anos, a 30 de Abril, num restaurante perto de si.)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Porquê "O Balão de Ar Quente"?


Acima de tudo, porque sim.
Porque gosto.
Porque é bonito. E eu gosto de coisas bonitas.
Porque é colorido.
Porque cada balão que voa é um momento.
Um momento com uma cor.

Balão Azul - momento de viagens e passeios.
Balão Cinzento - momento para reflectir. Ideias. Actualidade.
Balão Rosa - momento de família e com/sobre Elas, as meninas.
Balão Amarelo - Jornalismo. Emprego. Carreira. Trabalhos meus.
Balão Violeta - momento bonito. Moda, compras, ícones.
Porque já disse que gosto de coisas bonitas.
Balão Verde - momentos avulso, dia-a-dia em Lisboa.
Balão Roxo - momento cultural.
Balão Vermelho - momento de Amor. Meu ou teu.
Balão Branco - momento pessoal.

Gosto de escrever.
E gosto de balões de ar quente.
Sempre gostei.
Ponto.

Por agora serve de apresentação. Aqui vou-vos contar segredos. E não só. Vou mostrar aquilo de que gosto. E de que não gosto. Talvez mais tarde me possa alongar e contar-vos uma história. Ou duas. Quem sabe. Se o tempo me permitir tal luxo.