quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sócrates - Manela

Comentei uma notícia da TSF no Facebook relativa ao facto de José Sócrates ter dito hoje que estava completamente disponível para provar e justificar as suas afirmações sobre Jornal de Sexta da TVI, em tempos apresentado pela Xô Dona Manuela Moura Guedes. E, após o meu comentário em que mencionei um trabalho que fiz na faculdade que prova por A+B que esse programa não era jornalismo mas sim um não-mais de notícias mal fundamentadas sobre o PR contadas em tom de tchanan!!!, um desconhecido enviou-me a seguinte mensagem no FB:

"Ola A.
Gostava de ler o seu trabalho sobre os jornais. Sera possivel? Até hoje nunca ouvi ninguém dizer mal dos Tj. Espero que a menina e os colegas um dia mudem as coisas... Acho os Tj uma seca e um insulto aos portugueses: duraçäo excessiva, repetiçäo de noticias, publicitaçäo das mesmas , publicidade pelo meio, futebol em abertura, e apresentadores que se julgam estrelas e ainda comentam noticias, etc"

Revi em segundos na minha cabeça aulas e aulas sobre este assunto e respondi:

Olá J.
O trabalho que fiz foi analisar até que ponto a opinião de José Sócrates sobre o Jornal Nacional (em ser uma caça ao homem e um telejornal travestido) poderia ser efectivamente justificada... Para isso analisámos os três jornais televisivos da noite num mesmo dia, numa sexta-feira, sobre a mesma actualidade. Diferenças entre eles, entradas, selecção de notícias e a ordem pela qual surgem, frases, teasers, intervalos, destaques, linguagem, tudo. A conclusão foi: sim. Era. E Muito. Mais que muito. Um vasculhar de "tretas" excessivo e vergonhoso para quem exerce jornalismo, apresentado de forma indescritível - quando comparado com o trabalho da RTP e da SIC. A Manuela Moura Guedes é uma vergonha para os jornalistas portugueses.

Quanto aos telejornais e à informação televisiva de uma forma geral. Não, não é uma boa informação quando vista como um todo. Eu não sigo os jornais da noite. Mas, infelizmente, o que apontas de negativo torna-se, e repito, infelizmente, cada vez mais incontornável. Não trabalho em televisão mas posso facilmente justificar o que apontas.

Duração excessiva: ora, fazer um telejornal de 20 minutos custa (financeiramente) tanto como fazer um de 1h30. O jornalista, e editores e afins ganham o mesmo ao fim do mês fazendo 2 ou 6 notícias por dia. É barato produzir notícias. Sendo em horário nobre e tendo de estar alguma coisa no ar que concorra com os outros canais, é mais barato dar notícias do que comprar um concurso ou uma novela, ou produzir qualquer outro programa...

Repetição: tenhamos em atenção que as notícias não são repetidas no mesmo programa. O que acontece é que a peça que vai para o ar na edição da manhã, passa novamente à hora de almoço e repete à noite. Nos temáticos, repete outra vez ao serão. Porquê? Porque não é suposto uma pessoa ver TODAS as edições. Basicamente o jornalista nunca pode supor que a pessoa já sabe a notícia, ou que percebe do assunto (isto funciona em todos os formatos). Muito menos na edição da noite em que se deve fazer um resumo do que aconteceu o dia todo.

Publicitação e publicidade: pois, as televisões, os jornais e as revistas são empresas. Que vivem dos seus próprios lucros. E esse é O PROBLEMA. Quem paga aos jornalistas é a publicidade, ponto final. O jornalismo não sobrevive de si mesmo (ou será que 1€ que dás pelo jornal i é suficiente para pagar a uma redacção?). Não estou a falar de publicidade inserida nas peças. Isso é ser vendido (embora haja publicações que falam de lojas, marcas, produtos porque sim, porque recomendam e não porque são pagos para o fazer). Falo dos intervalos. Cada segundo de intervalo constitui os ordenados da produção, redacção, secretariado, limpezas, material... tudo. E os jornalistas, de um modo geral, são mal pagos. Muito mal pagos.

Futebol: os jornais mais vendidos em Portugal são os três desportivos e depois o Correio da Manhã. Queres mesmo falar sobre isso?

Apresentadores estrelas: ou estás a falar da Manuela Moura Guedes ou, quanto muito, do Mário Crespo que também se estica no tom opiniativo mesmo não verbalizando. De resto, não tenho mais ninguém a apontar. Ou há alguma estrela recente que me tenha passado despercebida?


Espero ter sido esclarecedora, obrigada.

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